querida pessoa que está lendo isso,eu espero que você tenha uma razão para sorrir hoje.

sábado, 17 de julho de 2010


A água penetra em minha pele, molha a minha carne, habita no inatingível do meu interior, até então, pouco corroído. Me encharca sem pedir permissão. Fecho os olhos e deixo que me lave, que escorregue sobre meu corpo, que brinque com meus cabelos e vagarosamente me beije. Chove também dentro de mim, talvez uma tempestade, levando de um lado para o outro tudo o que permanecia parado. Movimenta a certeza que mesmo que o líquido cristalino caísse lentamente, mesmo que não houvesse movimentos bruscos, ainda assim ficariam as poças e as marcas por onde essas gotas circulassem e - por consequência - atingissem o solo. Não me atrevo a correr. Posso suportar o frio e até mesmo a sensação de duros pingos invadindo minha face, minha alma. Sinto o barulho desses pingos caindo no chão de concreto, nos telhados, na grama, em mim. A água acaricia meus ombros e deixa rastros de gelo em forma de pingos definidos e perfeitos, feito lágrimas doces. Me invade e eu não corro. Me bagunça e eu não ligo. Me deixa isolada e ainda assim me pertenço. Permaneço parada em baixo do céu, não preciso fazer nada além de sorrir singelamente acompanhada da brisa de um profundo inverno que não mora comigo, mas que agora, vezenquando me visita.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Deus, põe teu olho amoroso sobre todos os que já tiveram um amor sem nojo nem medo, e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem … Sobre todos aqueles que ainda continuam tentando, Deus, derrama teu Sol mais luminoso.

terça-feira, 6 de julho de 2010

singelo pó

Queria pensar em coisas que não tivessem a ver com dores, partidas e abandonos, mas mesmo que tivesse sorrido demasiadamente e tido momentos incríveis, isso ficaria sendo apenas um prelúdio para a reflexão, que seria exatamente como toda a história de ausências - deve ser isso então, que enlouquece as pessoas devagar. Tudo muda e se transforma aos poucos, e é obrigação mudar também, nem que seja apenas para se reinventar depois. Mas o que não podia acontecer era o pó continuar a sujar tudo, e a fumaça continuar cegando a visão. Ainda deitada lembrou dos seus erros e do mundo imundo lá de fora, a mão agarrando cada vez mais forte o lençol empoeiradamente vazio. Vista de longe - assim, tão vaga e estranha - podia arrancar tantas conclusões alheias, o que a fez temer, por si, não pelos outros. Então decidiu que precisava de tempo para que a mão não pousasse mais ali, e que esse tempo poderia nunca chegar. Não que sentisse falta do lado esquerdo, sentia falta era de si mesma, porque não fazia nada além de ir e voltar para cama, pensamento distante, corpo que não obedece mais suas vontades.